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Quando automatizar o Centro de Distribuição?

Esse artigo foi originalmente publicado na revista Mundo Logística

Autoria: Estela T. Takahachi e Gisela Mangabeira de Sousa


O mundo está em constante mudança e entre os impulsos gerados pela indústria e o mercado, a logística deve a cada momento mostrar a sua resiliência e acompanhar estas tendências que, mais do que nunca, estão pautadas nas transformações digitais.


Com o avanço da tecnologia 5G e as possibilidades de uso de tecnologias como IoT (Internet das Coisas) e IIoT (Internet das Coisas Industriais), entre outras diversas tecnologias, aumenta a pressão por operações de distribuição eficientes e flexíveis, incluindo o uso de soluções automatizadas.

Automação de operações de armazenagem

Embora a automação de um centro de distribuição possua diversos níveis e variados investimentos iniciais significativos e sendo relevante o desenvolvimento de um business case para cada caso, de forma geral, é interessante automatizar processos em um centro de distribuição quando há necessidade de aumentar a eficiência, a precisão e a velocidade do processo de armazenamento e movimentação de mercadorias. Além disso, a automação pode ajudar a reduzir os custos operacionais, melhorar a segurança do trabalho e aumentar a capacidade de resposta a mudanças no volume de pedidos ou na demanda de produtos.

A figura 1 ilustra alguns dos benefícios percebidos com automatização e automação em Centros de Distribuição.



Figura 1 - Benefícios percebidos ao automatizar um centro de distribuição (GMC, 2021)

Já a figura 2 ilustra diferentes níveis de automação de armazém, uma vez que a depender da situação pode valer ou não a pena aumentar esse nível.


Figura 2 - Níveis de automação de Centro de Distribuição adaptado de Medium.com


Existem diversas variáveis a serem consideradas ao decidir automatizar um centro de distribuição ou armazém. Algumas das principais incluem:

  • Volume de produção e demanda: Se os volumes de produção e demanda são altos, a automatização pode ajudar a aumentar a eficiência e a capacidade de atender à demanda.

  • Complexidade das operações: Se as operações são complexas e envolvem muitos produtos e variedades, a automatização pode ajudar a tornar os processos mais precisos e eficientes.

  • Escalabilidade: Se a empresa planeja expandir as operações, automatizar processos pode ajudar a preparar-se para essa expansão suportando-a com maior flexibilidade.

  • Erro humano: Se o processo atual contém muitos erros humanos, a automatização pode ajudar a reduzi-los.

  • Custo: A automatização geralmente tem um alto custo de investimento inicial, é importante avaliar se os custos serão recuperados com os ganhos de eficiência e eficácia.

  • Dificuldade de contratar e manter funcionários: Se é difícil contratar e o turnover de funcionários para o trabalho manual é alto, a automatização pode ajudar a reduzir essa dificuldade.

  • Flexibilidade: A automatização pode ser limitada em algumas tarefas, é importante avaliar se é possível adaptar a automatização às necessidades futuras da empresa.

É importante lembrar que a automatização não é uma solução mágica e, em alguns casos, pode não ser a escolha certa. É necessário avaliar cuidadosamente as necessidades e objetivos específicos da empresa antes de tomar a decisão de automatizar um centro de distribuição ou armazém.


Alguns dos segmentos de mercado ou setores da economia que tendem a ter centros de distribuição e armazéns mais automatizados incluem:

  • Varejo e e-commerce: Devido ao grande volume de pedidos e a necessidade de agilidade e precisão, muitas empresas de varejo e e-commerce investem em automatização para melhorar a eficiência e capacidade de atender à demanda.

  • Indústria farmacêutica e de saúde: Devido aos requisitos rigorosos de armazenamento e transporte de medicamentos e equipamentos, muitas empresas farmacêuticas e de saúde investem em automatização para garantir a precisão e segurança.

  • Indústria automotiva: Devido à grande quantidade de peças e componentes necessários para a produção de veículos, muitas empresas automotivas investem em automatização para melhorar a eficiência e precisão no armazenamento e transporte de peças.

  • Indústria alimentícia: Devido aos requisitos rigorosos de armazenamento e transporte de alimentos, muitas empresas do setor alimentício investem em automatização para garantir a precisão e segurança.

  • Logística: Devido ao grande volume de pedidos e a necessidade de agilidade e precisão, muitas empresas de logística investem em automatização para melhorar a eficiência e capacidade de atender à demanda.

É importante salientar que esses setores são alguns exemplos, visto que a automatização é cada vez mais presente em muitos outros setores.


Empresas de softwares indicam perceber um aumento da busca por automatização de CDs divulgando um crescimento na carteira de clientes e mais postos de trabalho para suprir esta demanda, como é divulgado no Warehouse Automation Market Map 2020, da Logistics IQ, onde aponta que o mercado global de automação de armazém (englobando tecnologias como AGV), deverá duplicar, considerando os $ 13 bilhões em 2018 para $ 27 bilhões em 2025, a um CAGR de 11,7% entre 2019 e 2025.


O mesmo relatório da Logistics IQ aponta que o mercado de AGV / AMR deve ultrapassar a marca de US $ 4 bilhões até 2025 e os AMRs (sem qualquer suporte externo de fita óptica, sensor ou visão) serão as principais tecnologias em armazéns de varejo, devido à alta demanda em setor de e-commerce e sua flexibilidade para implementar o robô sem que haja uma grande mudança na infraestrutura dos armazéns atuais.


Outra grande tendência que forçará a automação em centros de distribuição será o e-commerce. Muitas empresas já estavam experimentando as preferências e jornadas de compra do dito "novo consumidor" e antes mesmo da pandemia, relatórios como os da Raconteur e eMarketer publicados em 2017 e 2019, respectivamente, já previam o crescimento no e-commerce varejista mundial para 2020 chegando a quase US$ 4,2 trilhões e para 2021 , US$ 5 trilhões.


Passado o ano onde os desafios superaram qualquer previsão de mercado, a eMarketer apurou que em 2020 o comércio eletrônico global cresceu 27,6%, totalizando US$ 4.280 trilhões. Como esperado, devido às restrições devido ao covid-19, o total das vendas no varejo tradicional mundial diminuiu 3,0%, fechando o saldo em torno de US$ 23.839 trilhões, se comparado às projeções traçadas até então. O relatório aponta que a América Latina teve um "crescimento anormalmente destacado" de vendas online de 36,7%, apesar de ter sofrido as piores quedas do que a média nas vendas gerais no varejo tradicional de 3,4%.

Temos falado e destacado que a pandemia acelerou o amadurecimento deste "novo consumidor" e forçou consumidores que não tinham o hábito de realizarem compras online a experimentarem o serviço e, com isso, o aumento de consumidores que esperarão atendimentos cada vez mais rápidos, personalizados e baratos será pauta constante para muitas empresas.

Para atender tais expectativas do mercado, a logística digitalizada já não é mais um diferencial, mas sim uma necessidade que exige e exigirá ainda mais performance na cadeia de suprimentos como, por exemplo, a demanda por entregas no dia seguinte ou no mesmo dia. Para acompanhar o ritmo estabelecido por gigantes do setor como a Amazon, as empresas de e-commerce estão desenvolvendo soluções digitais e automáticas para se manterem competitivas.


Pensando nestes aspectos, um dos grandes protagonistas é o centro de distribuição e o nível de automação que um determinado mercado exige para atendê-lo, demanda entender quais são as tecnologias que estão auxiliando neste sentido.


Existe no mercado uma gama considerável de equipamentos, sistemas e tecnologias inteligentes que são aliadas na otimização da performance de um centro de distribuição.


A tabela 1 e 2 contém alguns dos vários itens que podem ser utilizados em processos de automação / automatização de armazéns.


Tabela 1 - Hardware para automação/automatização de armazéns



Tabela 2 - Sistemas para automação/automatização de armazéns



Espera-se que os robôs móveis ajudem as empresas a reduzirem seus custos crescentes com mão de obra. Ele está se tornando popular em países onde a pontuação do Logistics Performance Indicator (LPI) é alta, mas há algumas exceções como a China, onde a demanda é muito alta devido à onda de comércio eletrônico e às interrupções no setor automotivo e de manufatura. Quicktron, HikVision e Geek + são líderes de mercado na China e têm mais de 70% de participação de mercado no espaço AMR. Se considerarmos o mercado combinado de robôs AGV, AMR e Picking, espera-se que eles tenham mais de 40% do mercado de automação de armazém até 2025.

De acordo com o site da Logiwa, o Grupo Alibaba, o maior varejista do mundo e dono do AliExpress, reduziu em 70% o trabalho humano da sua operação, aumentando 3 vezes a sua produtividade com o uso dos sistemas automatizados nos seus centros de distribuição.


Armazéns automatizados já são vistos como um ativo de alta demanda no setor imobiliário industrial, inclusive para investidores através dos fundos de investimento imobiliário industrial (REITs). Claro que automatizar o centro de distribuição pode ser completamente viável para gigantes como Amazon e Walmart, o que pode não ser a realidade para a maioria das empresas de comércio eletrônico, especialmente quando se considera a implementação em vários locais de armazenamento.


Mas como alternativa, o uso de AGV / AMR podem oferecer novos modelos de negócios para automação da cadeia de suprimentos que oferecem retornos semelhantes com CapEx significativamente menor e existem diversas empresas no mercado que estão viabilizando isso, como por exemplo a empresa americana inVia Robotics com sua plataforma RaaS (Robotics-as-a-Service) que é um modelo acessível, escalável e baseado em assinatura de contrato de nível de serviço com base em seus requisitos específicos de rendimento.


Além disso, existem modelos de automatização inteligente dentro de armazéns como o GTP - goods-to-person que monitora o fluxo de trabalho de mercadoria para pessoa que aumenta a produtividade em até 500% em comparação com armazéns tradicionais não automatizados, já que o sistema elimina quase todas as operações de coleta nos corredores, pois os itens são entregues por meio de robôs diretamente aos trabalhadores em estações de coleta otimizadas.


O ponto inicial em decidir automatizar o seu centro de distribuição não é questionar se ele de fato precisa ser automatizado, mas sim por onde começar. Para tal, é importante saber:


  • Onde estão os gargalos de suas operações de armazém atuais?

  • Seus funcionários passam muito tempo recuperando mercadorias no armazém?

  • Há um grande esforço de tempo realizando inventário / contagem de estoque?

  • O crescimento previsto pela empresa é muito alto?

  • Faz-se necessário flexibilidade?



Referências Bibliográficas


Raconteur - E-commerce sales worldwide , 2017



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