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Tecnologias de entregas autônomas: quais empresas estão investindo

Atualizado: 15 de mar. de 2021


Não há dúvidas de que 2020 fez muitas empresas anteciparem seus projetos de digitalização e, antes mesmo de implementarem seus planos de mudança cultural, a pandemia forçou a adoção de novos processos e principalmente novas tecnologias.

No que tange a tecnologia, vimos que os eventos do ano passado abriram margem para testes e até uso e expansão de tecnologias de entregas autônomas, que são também chamadas de drones de entrega, robôs de entrega e AGV - automated guided vehicle. Este artigo reúne as empresas que estão inovando o last mile com o seu uso.

A figura 1 ilustra diferentes tipos de tecnologias para movimentacao autonoma em expansao atualmente.

Figura 1 - Tipo de tecnologias para movimentacao autonoma



Tecnologias de entrega em uso e em testes

Entre 2012 e 2019 já haviam empresas como WalMart (com o Nuro), FedEx (com o SameDay Bot) e Amazon nos Estados Unidos divulgando testes com carros autônomos de entregas e drones de entregas, mas foi em 2020 que o assunto ficou ainda mais evidente.

Neste artigo listamos algumas empresas no mundo que estão avançando cada vez mais neste mercado.

A Ásia, após fortes impactos de 2 grandes epidemias e a atual pandemia, é o continente que começou a aplicar soluções autônomas para entregas antes de outros países. Apesar do desenvolvimento e aplicação na Ásia, EUA, Israel e Alemanha também estão atuando de forma significativa nessa frente.

A Meituan Dianping é um aplicativo chinês de entrega de comida (similar à colombiana Rappi) que desde 2016 vem investindo em AGVs para entregas de mercadorias na China. Em meio ao surto de COVID-19, eles usaram estes veículos de direção autônoma não tripulados nas estradas públicas em Pequim para entregar mantimentos.

Ainda em 2020, houve um investimento de US$14 milhões na também chinesa PuduTech que possui robôs de entrega de comidas para uso interno, dentro de restaurantes ou dentro de prédios comerciais, aumentando seu portfólio de soluções contactless.

A concorrente chinesa da PuduTech, a Eleme.com, é a primeira empresa de robôs de entrega de comida dentro de espaços comerciais da China e seus AVGs estão na ativa desde 2017 em Xangai. Durante a pandemia também adaptou seus robôs para fazerem entregas dentro de hotéis onde pessoas estavam em quarentena.

Outra chinesa é a Neolix que desenvolve soluções de transporte autônomo para uma variedade de usos, desde entrega de pacotes a máquinas de venda automática móveis. Segundo o cofundador da empresa, os seus compradores são os primeiros a adotarem tecnologias de direção autônoma, incluindo o braço de logística da Alibaba, Cainiao Networks, JD.com, Meituan-Dianping e governos locais, que normalmente usam esses veículos como máquinas de venda automática em destinos turísticos. A empresa conseguiu se reinventar durante a pandemia do COVID-19 quando o governo de Wuhan anunciou que gostaria de implementar alguns AGVs de desinfecção no hospital Leishenshan, principal hospital onde pacientes estavam sendo tratados. Desta forma, a empresa se reequipou e remodelou um AGV para ter a capacidade de desinfecção de locais em 72 horas.

A chinesa JD.com já estava usando veículos autônomos baseados em inteligência artificial desde 2018, mas foi durante a pandemia do COVID-19 que, ao entregar mais de 13 mil pacotes de suprimentos médicos e hospitalares em Wuhan, a empresa se sentiu preparada para aumentar o range de atuação, e, para isso, prevê que lançará mais de 100 mil robôs autônomos durante os próximos cinco anos. Além dos robôs autônomos que dividem o solo com a gente, eles também trabalham fortemente com o uso de drones.


A rival da JD, Alibaba, lançou em Setembro de 2020 o seu robô autônomo de entrega capaz de entregar até 500 pacotes por dia em rotas pré estabelecidas.


O robô autônomo japonês DeliRo, desenvolvido pela ZMP Inc., já estava fazendo entregas de refeições em um campus universitário e, com a pandemia em Agosto de 2020, começou a fazer entregas testes na capital do país, Tóquio. O governo japonês já estava incentivando a automação de serviços no país antes mesmo da pandemia, já que os AGVs poderão ser aliados na escassez futura de mão de obra para determinados serviços.

Com isso, muitas outras empresas japonesas entraram na corrida, como a Rakuten que lançou seu veículo de entregas autônomo no final de 2020, além de estar projetando veículos de passageiros autônomos e a Panasonic que vai usar big data para tornar o seu robô responsivo às necessidades de cada cliente. Até os Correios japonês, o Japan Post, começou a testar um robô para a entrega de correspondências em Setembro de 2020.

A empresa japonesa Terra Drone, do grupo Antwork, atuou na China durante o início da epidemia do COVID-19 transportando via drone os suprimentos médicos e hospitalares do Hospital Popular do Condado de Xinchang para o centro de controle de doenças do mesmo Condado. A empresa já tinha obtido licença da CAAC (Administração de Aviação Civil da China) para operar desde outubro de 2019. A velocidade da entrega é maior que 50% quando comparado a entrega via terrestre.

A Terra Drone é uma das principais empresas no mercado de drones da Ásia-Pacífico que é o segundo mercado no mundo em drones de entrega, seguido da região que abrange os Estados Unidos e o Canadá. Dentre as principais do mundo se destacam:

ASA que é uma divisão da Alphabet (Google), desenvolvida desde 2012 para entregas leves e pequenas, além da parceria com a FedEx e a rede americana Walgreens, que, com a pandemia aumentou o range de atuação incluindo mais quatro locais: Christiansburg, Virginia (EUA), Helsinque (Finlândia) e Canberra e Logan City (ambos na Austrália).

Amazon Prime Air vem desenvolvendo e testando ainda mais sua plataforma por meio dos centros de desenvolvimento Prime Air nos Estados Unidos, Reino Unido, Áustria, França e Israel. Em agosto de 2020, a Amazon recebeu a aprovação da FAA (Federal Aviation Administration) para operar seus drones de entrega para o cliente final Prime Air.

UPS Flight Foward foi a primeira empresa de drones de delivery a obter a certificação completa do governo dos EUA para operar uma linha aérea de drones. Em 2019 se uniu à Matternet, uma plataforma de logística autônoma de drones, e passaram a entregar suprimentos médicos ao hospital WakeMed em Raleigh, Carolina do Norte. Em 2020, a UPS Flight Forward fez uma parceria com a CVS para entregar medicamentos prescritos de uma farmácia da rede para a maior comunidade de aposentados dos Estados Unidos, na Flórida e fez parceria com a Wingcopter para desenvolver uma próxima geração de drones de delivery de pacotes para vários usos nos Estados Unidos, incluindo outros países.

Outra que também investe na Matternet é a Boing que quer lançar o serviço de entrega de cargas pesadas por drone.

A Flytrex teve seu início em 2013 em Israel e passou pela Islândia como entregadora de mantimentos e outros produtos. De lá para cá, foi aumentando sua capacidade de entregar pacotes mais pesados, podendo atender varejistas, restaurantes e empresas de entregas. Em setembro de 2020 o Walmart anunciou que começaria a usar drones Flytrex como parte de um programa piloto em Fayetteville, Carolina do Norte.

A alemã Wingcopter possui drones para aplicações comerciais e humanitárias, incluindo serviços aéreos médicos, operadores de drones e empresas de logística. Agora ela está se especializando ainda mais para aumentar as opções de entrega para serviços postais, varejistas e plataformas de comércio eletrônico para integração nas cadeias de suprimentos existentes.

Segundo a KSU The Sentinel Newspaper, em abril de 2019, a Zipline fabricante de UAV (unmanned aerial vehicle) e provedor de serviços de logística com sede nos Estados Unidos colaborou com o Ministério da Saúde de Gana para lançar um serviço de entrega de drones para fornecedores médicos naquele país. Na pesquisa foi levantado que ações de entrega de medicamentos via drone em Ruanda já mostravam excelentes resultados, ajudando a diminuir a taxa de mortalidade materna e de nascimento.

A Califórnia está repleta de empresas de robôs e veículos autônomos. A Starship Techologies começou 2020 entregando pizzas e burritos em um campo universitário a residentes de alguns bairros da Califórnia e durante 2020 teve que expandir sua frota em 5 vezes, algo em torno de 1.000 bots de entregas autônomas. A maior parte dos clientes da Starship são restaurantes que tiveram que se adaptar com o fechamento de seus estabelecimentos físicos ao público.


Outra na California, a Kiwibot, em parceria com a empresa de alimentação Sodexo, começou a atuar na Universidade de Denver em 2020.

A rede de supermercados Safeway, da Albertsons Cos., começou o ano de 2021 testando um carrinho de entrega de supermercado por controle remoto no norte da Califórnia com a Tortoise, empresa especializada em logística automatizada. Trata-se de mais uma ação contactless gerada pela pandemia.

A Nuro já está autorizada pelo Estado da Califórnia para operar em 2021 os seus veículos autônomos de entregas. A explosão por este tipo de tecnologia na Califórnia se dá pelo número de empresas de tecnologia na região e também pelo fato de o estado estadunidense ter adotado desde 2012 uma das primeiras leis de veículos autônomos nos EUA.


No Brasil tivemos o iFood que realizou sua primeira entrega por drone projetado pela SpeedBird em Setembro de 2020, onde utilizou o drone de um ponto a outro a entrega final foi feita por motoboy. Também tivemos em 2020 os testes realizados pela Azul Cargo com a SpeedBird e a empresa vem instalando caixas de retirada de encomendas, conhecidas como parcel lockers ou smart lockers (ou armários inteligentes).


Ainda sob o efeito da pandemia, a Rappi começou a testar na Colômbia um robô de entrega projetado pela KiwiBot.


Dos que ainda não foram lançados comercialmente temos o AnyMal da suíça Anybotics que mais parece um personagem tirado de uma realidade futurista Cyberpunk, já que o protótipo desenhado junto com a alemã Continental é um robô quadrúpede autônomo de entregas que conseguirá subir as escadas, tocar campainhas e deixar o pacote na porta da casa do consumidor.


Já a Agility Robotics se diz pronta para comercializar seus robôs com pernas e braços que podem carregar pacotes de até 18kg e realizar entregas.


Conclusão


A corrida para desenvolver entregas e serviços através de tecnologias autônomas já havia começado antes mesmo da pandemia, mas foi em 2020 que ela acabou sendo largamente noticiada pela mídia já que a entrega contactless era mandatária e/ou fortemente recomendada.


A demanda por entrega contactless se somou a outra linha de interesse das empresas que investem nestas tecnologias que já era mais do que convidativa para sustentar o investimento: se adaptar ao "novo" consumidor que deseja entregas mais rápidas e custos mais baixos, senão gratuitas.


A entrega na última milha, principalmente em áreas urbanas densas, costuma ser cara e ineficiente, onde os veículos convencionais fazem paradas frequentes aumentando o congestionamento do tráfego, além das emissões de carbono.


Como o comércio eletrônico ganhou uma maior notoriedade em 2020 a muitas esferas da sociedade que ainda era resistente ao seu uso, muitos pedidos agora possuem apenas um ou dois itens pequenos, levando as empresas de e-commerce e empresas de entrega a buscarem formas de entrega mais rápidas, baratas e mais ecológicas.


A boa notícia é que com a crescente da demanda e interesse das grandes corporações em investirem em veículos elétricos, a tecnologia da bateria está melhorando exponencialmente, onde o mercado traz novas versões menores, mais leves, mais potentes e mais rápidas de carregar.


Claro que para o cenário brasileiro, ainda levaremos mais alguns anos para vermos tais veículos autônomos em média ou larga escala, visto que seria necessário regulamentar regras de trânsito, leis trabalhistas, impactos ambientais, assegurar a segurança e etc.


Referências

Seu Dinheiro - Nos EUA, startup de delivery sem motorista recebe autorização para atuar em 2021, Desembro/2020 PingWest - JD.com Plans to Deploy 100 Autonomous Delivery Vehicles in China By the End of the Year, Outubro/2020

IstoÉ Dinheiro - Azul busca ampliar serviços com drone de entrega, Setembro/2020

KSU The Sentinel Newspaper - Delivery Drones Market 2021 (COVID-19 Impact Analysis), Março/2021

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